O esperado primeiro disco solo de Russo Passapusso lança seu primeiro disco em show em São Paulo e o el Cabong conta como foi através de correspondente baiana que está vivendo por lá.
Texto por Carol Andrade *
Fotos por José de Holanda
Quando Russo Passapusso entrou no palco do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, no último dia 11, o ‘Paraíso da Miragem’, seu primeiro disco da carreira solo, havia sido lançado há apenas 17 dias. O tempo foi mais do que suficiente para que o público recebesse o artista com carinho, já com as letras na ponta da língua e samba no pé. Com casa cheia e energia boa, a estreia foi uma verdadeira festa entre amigos, compartilhada com fãs, admiradores e rostos completamente novos.
Logo nas primeiras músicas, muitas pessoas abandonaram as cadeiras e foram, aos poucos, se aglomerando próximas ao palco por conta do espaço livre para se movimentar. E, por falar em dança, Russo arriscou passinhos em meio ao ritmo do espetáculo e parecia à vontade, com uma emoção contagiante, entre músicos afiados. Mostrou-se confortável como cantor, muito além do MC que os velhos fãs estavam acostumados.
Os metais deram um toque especial à apresentação e entre as músicas mais vibrantes, estavam a já conhecida Paraquedas, que abriu e fechou o bis do espetáculo, Remédio, que ganhou um solo de guitarra de Saulo Duarte ao melhor estilo rock’n roll e “Sem Sol”, onde o artista dividiu o palco com a cantora Anelis Assumpção. Este foi um dos pontos altos da noite, uma vez que, os dois garantiram uma ótima sintonia vocal, cheia de cumplicidade. Além de Anelis, Thalma de Freitas, Laurinha da Nenê e Clara da Nenê (as duas da ala de coro da Escola de Samba Nenê de Vila Matilde, de São Paulo) são as vozes femininas do disco. Outros artistas que participaram das gravações foram Edgard Scandurra, Marcelo Jeneci e BNegão.
O show seguiu mais ou menos a linha conceitual do álbum. Das músicas mais pessoais – entre as intimistas e oníricas – às mais rimadas e críticas, um terreno bem conhecido por Passapusso, já que se aproxima dos trabalhos produzidos nas bandas BaianaSystem ou BembaTrio. Cheia de batidas, com rimas e pegada eletrônica, Aperta o Pé, que não está presente no disco, encerrou o show e também ganhou outra participação especial: Fael Primeiro, amigo e parceiro de longa data.
A banda estava coesa e cheia de afinidade. Os produtores também responsáveis pelo disco, Curumin, na bateria, Lucas Martins, no baixo, e o tecladista Zé Nigro são uma parte importante de todo o processo e devem acompanhar os próximos shows de Russo, que ainda está sem agenda definida. Completando o time, estavam também o guitarrista Saulo Duarte, o percussionista Maurício Badé e Edy Trombone, responsável pelos metais. O clima era acolhedor e parecia um encontro com amigos.
Entre os muitos projetos simultâneos, a carreira solo do artista nasceu de forma natural e caprichada. Foram longos os processos de criação, com músicas compostas há anos – da época em que Russo saía de Feira de Santana para morar em Salvador. Se depender de ‘Paraíso da Miragem’, além da energia e disposição, Russo será sempre uma boa estreia.
* Carol Andrade é uma jornalista baiana que vive em São Paulo