Clássico recriado em ritmo de carimbó

Em tempos de tecnologia e misturas, já está se tornando até comum um artista pegar um álbum clássico e reinventá-lo. Foi assim com Dangermouse e seu “Grey Album” um mash-up do “Álbum Branco” dos Beatles com o “Black Album” do rapper Jay-Z. Depois veio o DJ BC juntando Beatles e Beastie Boys. A tendência de misturar sons as vezes opostos, recriar em cima de obras já prontas, ganhou espaço e cada hora surge uma novidade. No Brasil os mash-ups já fazem sucesso em determinados meios, mas agora um grupo de músicos paraenses resolveu ir além e recriou um clássico do Pink Floyd em uma versão bem particular. A idéia surgiu da cabeça de Luiz Félix, guitarrista, percussionista e vocalista da banda La Pupuña, do Pará, que logo convidou o baixista da banda, Fabrício Jomar, para regravar o álbum “Dark Side of the Moon” com pegada paraense, a base de guitarrada, cumbia, lundum, brega e surf music. O resultado é impressionante. Estão lá todos os sons, os detalhes e a sequência das músicas do original, todo o clima, todas as invencionices, toda a viagem do clássico álbum de 1973, numa fidelidade até assustadora. Tudo certinho, como quase se fosse o original, mas é tudo com um tempero especial.

O disco foi gravado com a banda La Pupuña e um time de convidados que alteraram o DNA do disco e injetaram música e elementos paraenses no universo progressivo. Logo no início os sons do carimbó e dos barcos popopô fazem a introdução de “Speak to me Breath” para logo entrar ao mesmo tempo um irresístivel suingado e o espirito do Pink Floyd da década de 70. “On the Run” traz a competência de Pio Lobato e Guilherme Guerreiro do Cravo Carbono. Os sinos e o despertador de “Time” permanecem mas na verdade eles estão substiuídos pelos sinos da Basílica de Nazaré e pelo despertador de Luiz Félix. Cantada por Roosevelt Bala, vocalista do Stress, banda pioneira no heavy metal Brasileiro, com reforço da cantora de brega Denise Lima, a mais conhecida música do disco segue bem fiel até aos poucos se transformar num carimbó pelas mãos percussivas do grupo regional Os Baioaras. Sacrilégio? Pelo contrário, uma homenagem marcante e especial que trafega por todas as faixas do disco.

Quem imaginaria Gabi Amarantos, cantora de Tecnoshow, soltando a voz em uma vesão de “The Great Gig in the Sky”? Mais ainda, a reconstrução de outra clássica como “Money”, que começa alterada com uma base de percussão suingada, segue com as vozes da própria Denise Lima e da vocalista da banda Madame Saatan, Sammliz, e termina desconfigurada genialmente com solos de guitarrada de Mestre Vieira e um transe percussivo paraense. A viagem segue durante “Us and Them”, “Any Colour You Like”, que ganha uma percussão merengue, “Brain Damage”, com direito a risadas sampleadas de Fafá de Belém, e a incrível versão quase lambada de “Eclipse”. É como se o Pink Floyd tivesse gravado o mesmo disco de 35 anos atrás, mas que no sangue de Roger Waters e David Gilmour, além de rock progressivo, psicodelia, texturas sonoras, jazz fusion e art rock, corresse uma sonoridade latina.

Um quem é quem da música paraense atual, com convidados de estilos diversos abrilhando um trabalho de alto nível que já chamou atenção de gravadoras estrangeiras que devem lançar o álbum na Europa. O “Charque” do título se refere mesmo a carne-do-sol, mas também a como é chamada a genitália feminina lá no Pará (daí a capa do disco). Um trabalho para ouvir e reouvir, pegar o original e ficar comparando, notando as diferenças e curtindo a criatividade dos músicos paraenses. Um dos lançamentos mais interessantes do ano desde já.
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  1. ISSO JÁ É UMA IMITAÇÃO DA IMITAÇAO!!!
    JÁ ESCUTOU O ALBUM DAQUELA BANDA DE DUB EASY ALL STAR??

    JÁ TEM ALGUNS ANOS QUE ELES LANÇARAM O ” THE DUB SIDE OF THE MOON”… RECRIANDO O ALBUM CLASSICO DO PINK FLOYD COM TODOS OS DETALHES… E TAMBÉM SUBSTITUINDO OS ELEMENTOS… COINCIDENTEMENTE AS VERSÕES DE TIME E MONEY SÃO OS DESTAQUES!!

    VALE A PENA ESCUTAR A VERSÃO Q ELES FIZERAM PRO O.K. COMPUTER DO RADIOHEAD…
    SE CHAMA ” RADIODREAD”…

  2. Sim “Charlie”,
    Eu conheço esses trabalhos muito bons. O pessoal do Pará nao imitou nao, eles comçeram a fazer no mesmo periodo, até ia falar disso no texto, mas me passei. O lance é que la fora dá pra fazer com mais recursos e mais rápido, então eles lançaram antes. Asism mesmo a ideia nao se perde.
    O Radiodread é sensacional

  3. Valeu, Licuri, me diverti muito. Grato por ter consertado o link, vou passar “pruns” amigos meus. Garanto q irão se divertir muito tb.

    Desde 2005 q persigo a idéia de fazer essas reformatações com clássicos nacionais, mas não consegui ainda reunir a equipe e o $$$ necessários.

    Abs.

  4. imagine a disgraça q os paraenses fizeram com dark side. era bacana se fizesse o dark side com banda de axé tamben. bell marques cantando money, durval lelis cantando brain damage, carlinho brown cantando us an then e ninha da timbalada e margarete com aquelas vozes gritando desafinadas cantando grat gig in the sky. ia ficar tudo crasse A

  5. O importante é q é cult rapaz, seja no pará, no marabá, paraná ou até mesmo em Ubá. Imagino se fosse o zefirina bomba q tivesse feito isso e tivesse lascado no volume e na distorção, tinha nego aqui dizendo q cagou tudo.

  6. Luciano…

    Meu velho… eu critiquei sem escutar!!!
    Continuo achando que são trabalhos “semelhantes”… mas como você falou que foram idelizados na mesma epoca…

    O trabalho dos caras tb ta muito interessante!!!

    valeu a indicaçao

    abs

  7. prezedo luciano,

    O remake do “dark side of the moon”, do pink floyd, feito pelo grupo “easy star all stars”, nominado de “dub side of the moon”, foi lançado em 2003; logo em 2004 saiu o dvd do mesmo disco.
    A banda la pupuña teve a sua estreia realizada em novembro de 2004 nos palcos do Rec Beat, em Recife, portanto, um ano depois que o cd do pessoal do all stars.
    Não entendi bem quando você afirmou que as duas bandas começaram tal remake ao mesmo tempo.
    Como se explica então o fato do remake do La Pupuñha só ter sido lançado agora em 2008, coincidentemente próximo do aniversário de 30 anos do disco do pink floyd
    Os seus leitores meceçem uma explicação quanto a essa sua confusação de datas ou falta de informação mesmo.

  8. Eu acompanhei todo o processo de gravação junto ao Félix, que foi quem idealizou e juntou a moçada pra gravar.
    O “disco” nada mais é do que uma homenagem de um fã fervoroso de Pink Floyd, e não uma tentativa oportunista de se virar os holofotes para o La Pupuña. Pode ser um afronto aos fãs mais puristas de Waters e Gilmour, mas é também um olhar de um músico que deixou algumas frescuras de lado e quis ver como seria um de seus discos favoritos tocado por ele e com um ar regional. Nada de errado até aí.

    O amigo Paulo Gate falou sobre as datas de lançamentos contestando a versão de que o projeto não seguiu os mesmos passos do Easy All Stars. Isso, na verdade, foi o que fez com que o projeto demorasse mais a sair da gaveta, pois o Félix achava que tinha perdido o timing e que a idéia já não era tão boa.

    Acho que sabendo ou não da existência do Dub Side, nada impedia que o projeto fosse feito de novo e com outro apelo. Qual o problema? O único que vejo, no momento, é esse recalque escroto e purista de fã de rock progressivo.

  9. Prezado Marcelo,

    Gosto sim do Pink Floyd, foi trilha sonora de muitos momentos da minha vida e continua sendo. Não sou puritanista, até gosto de releituras de albuns de qualquer boa banda, tanto que costumo comprar muito cover de Beatles por exemplo.
    Gosto também de algumas bandas novas, menos as que fazem rock triste.
    Pelas datas citadas devo concluir que o pessoal do La Pupuña ja tinha esse projeto guardado antes mesmo da banda existir.
    Meu propósito é apenas chamar atenção para a falta de informação daquele que muitos consideram como a maior autoridade em rock na Bahia, Luciano Mattos. Já tive outras oportunidades aqui mesmo neste blog como também em sua coluna no caderno dez de flagrar o referido jornalista em momentos de total desinformação.
    Se eu fosse o patrão de Luciano, proibiria ele de reproduzir em seu blog textos escritos por ele enquanto jornalista do jornal A Tarde, nas dependências do jornal e utilizando informações obtidas dentro da Tarde, como também divulgar seus eventos, como as festas Nave.
    Considero isso pratica de “insider tranding”, termo usado para designar elementos que se utilizam de informações privilegiadas para uso próprio.
    Basta acompanhar os textos que ele publica neste blog para verificar o que digo.

    abcs,

    Gate

  10. Paulo Gate, ou quem quer que seja.
    Para começar eu não sou jornalista do A Tarde, eu não frequento a redação do A Tarde, não tenho patrão no A Tarde, logo, muito menos obtenho informações no A Tarde Eu era colunista, encerrei minha coluna essa semana lá, pra sua felicidade e de outros talvez. Tudo que escrevo eu pesquiso em casa mesmo. E queria que você me provasse qu efalo de minha festa Nave lá ou mesmo aqui em MEU blog. Eu separo bem isso, até nao precisava, muitos dizem que não precisava, mas eu prefiro, aqui é o jornalista Luciano e não quero dar mais espaço para minha festa do qu epara um show. Basta ver a agenda que boto shows que “concorrem” com minha próprias festa. Nem deveria estar te respondendo, mas você foi liberado para postar aqui e acho que tenho que responder por respeito aos outros leitores. Tem um comentário barrado porque o fulano quis me acusar de uma coisa que não tem fundamento nem prova, mas não liberei, até porque respondi para o mail que ele colocu e o mail voltou, não existia, era fake. Então, se um canalha se esconde num mail fake, não merece nem postar aqui. Você é um imbecil, me desculpa, mas é o que você é. Se utiliza ate de termos técnicos pra me acusra, mas não sei, inveja, rancor ou o que quer que seja estão espalhados por todo lugar, não ia ser aqui que não ia ter. Só ahco que você deveria usar seus “conhecimentos” para algo mais proveitoso. Porque nem a base do que você disse tem cabimento, não dei como eu posso aproveitar de informações privilegiadas para me beneficiar. Que informações? Eu acho que posso até escrever mal, não saber nada de música, é um direito seu achar isso, apesar de eu nao considerar isso e acho que você também não, até porque está sempre lendo o blog. Mas não me acuse de desonesto, porque não sou, tenho a consciência limpa e quemme conehce sabe disso. Agora responda, gaste sua energia com algo que só alimenta esse seu sentimento baixo. É o que te move.

  11. Bom, a discussão era sobre o “Charque Side of The Moon” e me parece que era apenas um motivo para o Paulo fazer acusações bobas e sem fundamento. Não sou da Bahia e não acompanho o jornal, mas creio que não tem nada demais divulgar uma festa de rock na cidade do axé. A festa em si já é um ato de bravura e resistência.

    E o tal de “insider tranding” é o que há de mais comum em uma categoria extremamente pessoal no jornalismo chamada “coluna”. Nela, o colunista pode se reportar ao que quiser e o que for de seu interesse. E vai dizer que uma festa de rock que leva 500 pessoas uma vez por mês não é notícia?

    Paulo, se eu problema é informação, crie o seu espaço, chame seus leitores e espalhe seu conhecimento pela rede. Não fique nessa de contestar para provar ser um cara bem informado. Criar caso atrás de um monitor de computador é fácil, difícil é realizar algo que preste.

  12. cara… ficou muito legal a versão dos caras…
    mostrou a competência nortista na arte da criação e re-criação . a timbragem dos instrumentos, por vezes ta até mais parecido com a timbragem do dub side (já scutei milhões de vezes o dub side e o radiodread e acho que este último é muito fraco… =p) mas é assim.. a galera sempre quer falar mal… (muita gente diz que eu só quero falar bem… isso é correto? xD) ai fica naquela… o pessoal fala mal pra fazer parecer que fala bem, e tem postura crítica… quando uma coisa não tem nada a ver com a outra… acho sim que o charque side tem uma penca de sacadas fodas e umas outras não tão boas assim (assim como o dub side…) mas ele mostra que o paraense é bom pacas pra estudar… estudar timbragem, regulagem, expressão… enfim! parabéns pra galera idealizadora e concretizadora do projeto!
    abraçotecuida!
    =*

  13. Adoro Pink Floyd. Não gosto de rock progressivo. Gosto de ROCK, desde que seja bom, transgressor, e/ou sujo.
    E o “The Charque Side…” é bem isso: independe de aceitação unanime, brinca com o domático album floydinano, é um Renato Russo cantando Menudos, ou um Angra cantando Porto Solidão – do Jessé – desafiando o Blind Guardian.

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