Balanço do ano – Brasil

Em tempos de decretarem o fim do CD, é mesmo estranho parar para escolher os melhores discos do ano. Para alguns o formato já era. A realidade é que os discos continuam saindo e 2006 revelou que a tal crise da indústria é mesmo apenas comercial. Não existe crise criativa, nem mesmo no Brasil, como as gravadoras querem fazer acreditar. O ano mostrou, no entanto, que falta investimento nas novidades nacionais. Poucos artistas brasileiros chamaram atenção de fato com trabalhos lançados esse ano. Muita coisa também não chegou ainda ao ouvido do público. Entre os destaques há novidades e bons trabalhos de veteranos. Caetano Veloso foi um deles com seu Cê, disco em que reúne um trio de jovens músicos para mostrar que ainda consegue fazer música com uma ponta de ousadia. Destaque para os arranjos, mais crus e simples e sem a breguice e pseudo-pompa de discos anteriores. O disco serviu também para o baiano retomar em seus shows algumas das melhores músicas de sua carreira, desconhecidas dos ditos fãs.

Boas novidades
Caetano não fez o melhor disco de 2006, mas mostrou estar antenado com a nova música brasileira, que não é rock, nem violão, nem batidas eletrônicas. É um pouco de tudo isso. Nesse universo destaque para o grupo pernambucano Mombojó, que consolidou sua música pop brasileira com o bom disco Home-Espuma. O paulista Rômulo Fróes apresentou o melhor disco nacional do ano. Cão, MPB contemporânea com samba cócix até o pescoço. Outro bom trabalho foi o CD de estréia da cantora Céu, relançado este ano. O rap apresentou também bons trabalhos e um novo rumo, fugindo das limitações. Foi um ano também de muito rock, com bandas independentes saltando um degrau e conquistando espaço. A baiana Cascadura foi um dos destaque. Lançou disco pela Revista OutraCoisa, fez turnês pelo país e foi o melhor arista baiano no ano, com CD, shows e clipe de alto nível. Por aqui destaque para a conquista da Canto dos Malditos na Terra do Nunca que assinou com a Warner e lançou seu disco de estréia. No plano nacional, bandas como Luxúria, Rock Rocket, Zefirina Bomba e Mopop lançaram seus trabalhos por gravadoras de maior porte.

Revelações
Destaque também para nomes novos como os gaúchos do Superguidis com um CD bem bacana, a banda do Acre Los Porongas e os matogrossenses do Vanguart, que soltaram a melhor música do ano, “Semáforo”. Entre as revelações baianas, a cantora Marcela Bellas e a banda Formidável Família Musical foram responsáveis pelos melhores trabalhos de estréia.

No palco
Por aqui os shows da Móveis Coloniais de Acajú, Jupiter Maçã, Eddie, Bonsucesso Samba Clube e mais uma vez Cachorro Grande, Los Hermanos, Nação Zumbi e Autoramas foram os nacionais mais interessantes. Os três últimos com os melhores shows no país hoje.

Lá fora
Quem chamou atenção no exterior foi o grupo paulista Cansei de Ser Sexy que alcançou um considerável espaço e respeito no com seu rock-tosco-eletro. Eles tocaram por aqui no começo do ano, mas devem ter melhorado muito.

Para quem gosta de música sem preconceitos.

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