Cobertura ABRIL PRO ROCK 2003 – Domingo (13 de abril)
Veja como foi a sexta e o sábado do festival
O domingo, último dia, de festival Abril Pro Rock em 2003 costuma ser o mais interessante, tanto pelo público mais diversificado, quanto por ser o dia que traz atrações de música regional mescladas a nomes de peso do cenário pop nacional (às vezes internacional também). Foi a melhor noite, sem dúvida, começando com as belas e tradicionais rodas de ciranda. É meio mágico. Não tem outro lugar no mundo que possa acontecer de garotos com camisa do Sepultura, do Ramones ou do Iron Maiden darem as mãos e dançar ciranda. É espontânea.
A banda local Azabumba foi quem deu início no domingo. No intervalo um grupo belga, que está no Recife gravando um disco com músicos da terra, se apresentou, mostrando uma música meio esquisita, mas muito bem aceita naquele meio tão aberto a novidades. Maciel Salu, filho de Mestre Salustiano e integrante da Orquestra Santa Massa, foi o show seguinte. Mantendo os pés na tradição da música pernambucana, fez um show tocante botando o povo pra dançar.
Depois, um dos shows mais emocionantes que já vi, Siba e a Fuloresta. No palco um jovem músico acompanhado de artistas tradicionais do interior pernambucano. O público se deliciava dançando cirandas e maracatu, que segundo Siba é o rock deles. O último pernambucano da noite, Júnio Barreto (compositor radicado em São Paulo), apesar de longa carreira com música, fez seu primeiro show. Canções exalando modernidade com influências de música eletrônica misturado a brasilidades. Promete.
A partir daí o rock e o pop tomaram conta do lugar. O show dos cariocas da Los Hermanos era muito esperado desde que passaram pela cidade fazendo um estrondoso sucesso meses atrás. A banda tem uma relação especial com Recife e com o APR. Indiscutível. O show foi memorável, tanto musicalmente quanto pela participação do público. No repertório músicas do primeiro e do segundo disco e três novas do CD “Ventura”, que sai em maio.
A baiana Pitty, ex-Inkoma, mostrou que evoluiu muito desde quando cantava na banda de HC. Ainda precisa aparar algumas arestas, caprichar mais nas letras, mas ponto pra moça, que fez um show divertido e acertando em cheio nos covers de Mollys Lips (do Vaselines, mas que fez sucesso com o Nirvana) e de Cindy Lauper (a clássica Girls Just Want to Have Fun). Hora de Nando Reis desfilar uma porrada de hits e o público, claro, cantar tudo em coro. O show foi até melhor do que pensei, mas não tinha muita necessidade de tocar ali.
Os gaúchos do Cachorro Grande entraram no palco pouco se fudendo (aqui posso usar palavrão hehehe) pra música eletrônica, regionalismo, hits radiofônicos ou qualquer tipo de mistureba. Injetaram rock puro na veia, da melhor qualidade, gritado, com guitarras alta e do caralho. Melhor show do festival. Belos comentários sobre o show nos blogs dos amigos Alex Werner e Thays Aragão resumem exatamente o que achei.
Para encerrar a banda paulista Ira! que fez um show meio estranho. Depois de dez anos de espera, o público de Recife claramente esperava por uma enxurrada de hits. Contrariando a lógica o show foi praticamente de músicas novas dos últimos dois discos. Tirando “Dias de Luta” no início, deixaram tudo para o finalzinho. Mas o grande presente para os resistentes ficou pro biz. Convidaram Fred 04 e meteram três torpedos do Clash, suficiente para abrir rodas de pogo, irresistível para esse aqui que vos escreve. FODA!
O produtor do festival, Paulo André, disse que com Nando Reis e Ira!, se fechou o ciclo de grandes atrações no APR. Melhor, descartou qualquer idéia de Charlie Brown Jr., Jota Quest e Titãs no Festival. Cogitou Jorge Ben Jor e até Alceu Valença. Mais, se o dólar baixar tem uma lista de shows internacionais. Em primeiro Slayer, grande sonho dele. Em segundo, FRANK BLACK (não vou negar que passei metade do show do Ira! imaginando que por pouco naquele momento não estava tocando ali o gordinho da maior banda que vi existir. Fazer o que? Apostar em Lula e na baixa do dólar. Completando a lista Cibbo Matto e Crystal Method.