Queria começar falando do II Panorama Coisa de Cinema, que começou na quinta (dia 20 de março) e termina amanhã (dia 30). A abertura do evento foi o filme brasileiro mais esperado pós-“Cidade de Deus”, “Carandiru“, do mezzo brasileiro, mezzo argentino, Heector Babenco. O filme náo é ruim, mas está longe de ser bom e entrar no rol dos bons filmes do novo cinema brasileiro.
Me lembrou o cinema nacional dos anos 80 pelas fracas atuações dos atores até metade do filme. Mas achei que Babenco errou a mão porque tentou transpor ao máximo as páginas do livro “Estação Carandiru”, do médico Dráuzio Varela, do qual o filme foi baseado. Não li o livro, está na lista, mas sei que é o médico contando sua experiência dentro do complexo penitenciário paulista. Ele foi realizar exames de HIV nos presos, já que havia a suspeita de uma epidemia da doença no local.
A primeira bola fora de Babenco na adaptação foi querer colocar o médico na história. Tudo bem que ele quis homenagear o amigo, mas o médico é totalmente desnecessário no filme. Outro erro foi tentar pegar as várias histórias do livro e condensar no filme. Não deu certo, parecia, às vezes, um monte de curta mal reunidos em um lugar só. Achei a narrativa conservadora demais e nem tô pensandoem comparar com “Cidade de Deus”. O problema é que o filme é normal demais. O diretor assumiu que quer é atingir o maior número possível de pessoas e não se importar com festivais. Tudo bem, mas isso pode ser traduzido como subestimar o público. Fazer um trabalho convencional demais, superficial demais, querendo agradar o máximo de pessoas. tsc tsc. A Globo tá ai para isso.
O filme pretende chocar com cenas mostrando a invasão do complexo pela polícia, o que acarretou a morte dos “111 presos indefesos”. Até nisso, o diretor não conseguiu o que queria. Sem explicar direito o que aconteceu, ele apenas mostra uma invasão fria, que de tão fria nem choca o espectador. Se foi isso que ele quis, não conseguiu. De qualquer forma, não é um filme péssimo, dá para assistir sem sair tão irritado, mas não espere nada sensacional. Ah! Alguns atores se salvam, especialmente os menos conhecidos, como Ailton Graça (que faz Majestade) e Milhem Cortaz (Peixeira). A fotografia também merece destaque, mas também com Walter Carvalho…