Mundo Livre S/A e Lampirônicos na tal Festa em Quadrinhos
Já devo ter visto uns 20 shows da Mundo Livre S/A. Desde 1994, com o primeiro disco e sem muita fama, mesmo nos meios alternativos, até shows inesquecíveis em Recife. O último em Salvador foi na Concha ano passado, dentro do Mercado Cultural, e foi bem fraco. Eu acho que, a banda, na verdade deu uma queda no disco “Por Pouco”, que foi o único que não me conquistou de verdade. Penso que talvez o principal motivo seja que o disco não é completo, covers (algumas forçadas), uma vinhetinha rápida e no final poucas músicas. Tudo bem, o crédito dos caras ainda é muito alto, ainda mais depois de uma redescoberta pessoal dos segundos e terceiros discos. Mas eu achava que eu tinha perdido um pouco de uma de minhas bandas prediletas.
Bom, a banda acaba de lançar um disco novo. Pela primeira vez não compro assim que é lançado. Ouvi algumas faixas pela Internet, mas ainda é um disco praticamente inédito pra mim. Pelo menos até o show da Festa em Quadrinhos, onde tive o primeiro contato de fato com as novas composições. A banda tratou de apresentar o trabalho em alto nível, e mesmo sem ouvir em cd, já vi que a banda está em forma e de volta as suas melhores fases.
O show foi um dos melhores deles por aqui, mesmo a maior parte do público não se importando muito com música (azar deles). As preocupação com letras politizadas não tirou a qualidade das composições e dos arranjos das músicas, como algumas pessoas têm dito, pelo menos ao vivo não. Tudo bem, a maioria traz Zeroquatro quase recitando letras que falam de assuntos que vão da orbigatoriedade de carteinha de músico, problemas indígenas, MST e o império bushiano, mas permanece a boa qualidade também no som. O jeito mundo livreano de ser, com muito de Jorge Ben, mas muitas outras influências, continuam lá. Rock? Samba? Um poudo dos dois e de outras boas influências, é um modo que Pernambuco, sim, o Mangue Beat vem mostrando como fazer e muito bem feito.
Eles mesclaram músicas dos quatro discos anteriores, desencavando algumas que eles não tocavam muito em show e que tinha a ver com o ambiente, como “Homero – o Junkie” e “Pastilhas Coloridas”. Quase uma passagem pela carreira: a própria “Homero – o Junkie” e “Live Iniciativa” do Samba Esquema Noise; “Free World”, “Seu Suor é o Melhor de Você” e “Pastilhas Coloridas” do Guentando a Ôia; “Bolo de Ameixa” e “Maroca” do Carnaval na Obra e principalmente de Por Pouco, “O Mistério do Samba”, “Mexe Mexe”, “Meu Esquema” e “Treme-Treme”. “Livre Iniciativa”, claro, foi para finalizar magistramente o show e fazer lembrar de anos de shows dos caras com o público sambando e pogando de forma insana uma mesma música. FODA!
Próximo show vou insistir para tocarem “A Bola do Jogo” e “Compromisso de Morte”. E ainda quero ouvir eles tocando “Sob o Calçamento”, que só vi no primeiro show deles em Salvador, em 94, com Otto (e sua então longa cabeleira) na percussão.
Mais um show marcante dos caras.

Para quem gosta de música sem preconceitos.

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