Como anunciado a veículos de comunicação pelo governador da Bahia, Rui Costa, foi publicado nesta segunda-feira (10/01) um decreto que limita a presença de público em atividades culturais. A decisão inclui shows, museus, parques de exposições, espaços culturais, cinemas, teatros e espaços congêneres. Os eventos, que antes podiam receber 5 mil pessoas, agora poderão acontecer com um público máximo de 3 mil pessoas.
Antes mesmo do decreto ser publicado, diversos eventos anunciaram cancelamento, adiamento ou mudança de local. É o caso do Circuito Musical Verão 22, que divulgou que os shows que seriam realizados nos dias 15 de janeiro (Larissa Luz, Pitty e BaianaSystem) e dia 22 de janeiro (Titãs e Jota Quest) foram adiados. As novas datas ainda serão divulgadas.
No TCA e Concha Acústica, os shows de Gal Costa, Chico César & Geraldo Azevedo e Lulu Santos também foram adiados e tiveram novas datas anunciadas (veja em nossa agenda). Assim como o Bloco do Silva e a roda de samba do Grupo Botequim. enquanto parte da programação da Casa Rosa, que anunciou sua abertura para este mês, também está sendo prorrogada. O Bonfim Baluarte com Jau & É O Tchan anunciou o cancelamento.
Já o evento Me Leva Pro Bonfim, programado para o dia 13 de janeiro com shows de Péricles e Grupo Revelação, entre outros, confirmou a realização, mas optou pela alteração do local. Programado para acontecer na Arena Fonte Nova, agora vai ser realizado no Terminal Náutico da Bahia, localizado no bairro do Comércio.
Durante o fim de semana, vários outros eventos já haviam sido cancelados por conta de casos de Covid em suas equipes. Caso do Verão da Osba e dos ensaios do Afrocidade e da Timbalada. Outros, devido ao número crescente de casos positivos de Covid-19 e Influenza preferiram se antecipar e também foram adiados. Caso do show MAGIA, com Luiz Caldas e Zeca Baleiro, que seria realizado dia 15 de janeiro na Arena Fonte Nova, e do Biergarten em Praia do Forte, que já anunciou nova data, 26 de fevereiro.
Falta de diálogo
A produtora Renata Hasselman, da Multi Planejamento, responsável pelo show Magia de Luiz Caldas, ressalta que é preciso ter mais entendimento de todos os lados. “Sabemos o desafio que é fazer uma gestão de saúde em meio a uma pandemia. Mas olhando o que já estava acontecendo na Europa, sabíamos também o que ia acontecer aqui, não foi uma surpresa”.
Segundo ela, o decreto traz ações que já podiam ter sido efetivadas antes, como a exigência de passaporte de vacina por bares e restaurantes. Renata pede um diálogo mais franco com a sociedade civil. “Sabemos que estamos vivendo um momento novo da pandemia, onde parte da população está vacinada, mas a gente precisa ter cautela. Precisamos entender até que pontos os eventos vão sofrer, vão ser impactados. São muitas empresas, muitos profissionais que acabam sofrendo”. E complementa: “que tipo de ação vai ser feita para que isso não prejudique ainda mais um setor extremamente importante para economia da cidade e do estado?”.
Valdir Andrade, outro produtor do mercado musical de médio porte, publicou em suas redes uma postagem da ABAPE – Associação Baiana das Produtoras de Eventos reclamando da falta de diálogo. “Não somos contra as novas medidas pra conter os avanços das contaminações por Covid-19, somos contra a falta de diálogo do governo com o setor”.
Um dos produtores responsáveis pelo evento Verão 22, entre outros, Valdir diz ainda na postagem que há falta de coerência. “Tivemos um final de ano com comércio movimentado com lojas e shoppings lotados para as compras de Natal. Tivemos um final de ano com destinos turísticos da Bahia famosos superlotados de turistas de várias partes do país e do mundo convivendo intensamente por dias em ilhas, vilarejos pequenos, praias paradisíacas. Os aeroportos, terminais rodoviários, ferry boats também estiveram… aliás, continuam lotados. E o governador ‘joga para a galera’ colocando a culpa pelo aumento do número de casos de COVID nos ombros dos profissionais que trabalham com eventos??”.
O fato é que eventos e festivais vem sendo adiados em todo país, alguns seguindo decisões parecidas com o decreto do governo baiano, outros se precavendo por iniciativa própria. A questão agora é como serão os próximos meses para o setor cultural.
Nesta terça-feira (11), o governador Rui Costa disse que serão levados em conta três parâmetros para guiar a quantidade de pessoas permitidas em shows e eventos na Bahia. São eles: número de internados, número de contaminados por Covid-19 e lotação nas unidades básicas de saúde das cidades.
Decreto define regras
Segundo o decreto do governo do Estado, Nº 21.027, “ficam autorizados, em todo território do Estado da Bahia, durante o período de 11 de janeiro até 25 de janeiro de 2022, os eventos e atividades com a presença de público de até 3.000 (três mil) pessoas, tais como: cerimônias de casamento, eventos urbanos e rurais em logradouros públicos ou privados, eventos exclusivamente científicos e profissionais, circos, parques de exposições, solenidades de formatura, feiras, passeatas, parque de diversões, teatros, cinemas, museus e afins.”
O decreto prevê que os eventos e atividades que contem com controle de acesso deverão ocorrer com a ocupação ao máximo de 50% (cinquenta por cento) da capacidade do local. Prevê também presença de público não superior a 3.000 (três mil) pessoas, com exigência de vacinação, como previsto disposto no art. 2º do decreto, e respeitados os protocolos sanitários estabelecidos.
Ainda segundo o documento, a realização de eventos com venda de ingressos fica condicionada à presença de público limitada segundo as regras acima e ao atendimento, pelos artistas, público, equipe técnica e colaboradores, do quanto disposto no art. 2º do decreto, respeitados os protocolos sanitários estabelecidos, especialmente o distanciamento social adequado e o uso de máscaras.”
Passaporte de vacina
No artigo número 2, o decreto estabelece mais regras para realização dos eventos, obrigando a comprovação da vacinação. “Mediante apresentação do documento fornecido no momento da imunização ou do Certificado COVID, obtido através do aplicativo “CONECT SUS” do Ministério da Saúde”. Os referidos documentos precisam confirmar duas doses da vacina ou dose única, para o público geral; uma dose da vacina para crianças e adolescentes alcançados pela Campanha de Imunização contra a COVID-19, observado o prazo de agendamento para segunda dose; ou doses de reforço subsequentes da vacina para o público alcançado por esta etapa da Campanha de Imunização contra a COVID-19.
A prefeitura municipal de Salvador anunciou que os espaços culturais administrados por ela exigirão a partir desta terça-feira, 11, o comprovante de vacinação para acesso. A medida inclui a Cidade da Música da Bahia, a Casa do Carnaval, a Casa do Rio Vermelho e os espaços Pierre Verger da Fotografia Baiana e o Carybé de Artes.