O rock em sua essência foi sempre música jovem, para jovens, normalmente feita por jovens. As décadas passaram. O mundo mudou, o rock mudou, mas a essência permanece a mesma. O rock é essencialmente jovem. Não adianta roqueiros veteranos saírem decretando a morte do som do trio guitarra-baixo-bateria. Muito menos a alegação disso ser com base em vendagens da grande indústria. Balela. Como bem disso Dave Grohl: “Só porque o rock’n’roll não é o número 1 na parada, isso não significa que ele tenha desaparecido”.
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O rock nasceu à margem, frequentou as principais paradas de sucesso, saiu, voltou, cresceu, sumiu. O tempo inteiro se passou de morto. Não morre porque sua essência é jovem, e, não sei quem disse isso mas, enquanto houver um bando de garotos ensaiando com sua banda numa garagem, o rock não morre. E isso ainda existe aos montes. Se não é o rock que os veteranos roqueiros querem ouvir, paciência, talvez sejam eles que envelheceram e não conseguem admitir que o rock que eles querem não é mais ou mesmo.
Lá na adolescência, pode acontecer com qualquer um, uma banda te conquista, te arrebata. Você muda de vida por causa dela e começa a ouvir rock, se aprofundar naquele novo mundo. Pode ter sido Beatles, Rolling Stones, Jesus & Mary Chain, Pixies, Nirvana, Oasis, Radiohead ou Strokes. A partir dela você mergulha num universo, como se fosse sua salvação. Você passa a ouvir todos os discos e tudo relacionada a ela, as influências, as bandas parecidas, as parceiras…. Você cresce, vai ampliando o leque de artistas que conhece e gosta e as novidades deixam de ser tão cheias de frescor quanto antes – você passa a enxerga-las como meras cópias.
Mais velho – e exigente – exige originalidade em tudo que ouve, mesmo que aquela banda lá do começo também não fosse tão original assim, mas apenas tivesse lhe apresentado um mundo novo, do qual, naquela época, você não tinha acesso. É assim com o rock. Não precisa, necessariamente, trazer novidade, originalidade. Se você está exigindo isso de qualquer banda, ou precisa assumir que não tem mais o mesmo tesão para o rock quanto antes, ou que envelheceu. O frescor do rock continua.
Aquela banda de garotos que faz outros garotos quererem largar tudo para montar seu próprio grupo continua. Só que talvez ela não seja mais para você. Aquelas músicas que fazem você querer aumentar o volume, não se importar com o vizinho e pular sozinho em casa ainda estão lá. Aqueles discos divertidos, pra cima, que te tiram da seriedade também ainda existem. Se você já não sente mais isso, perdoe, você perdeu o tesão, você envelheceu. Aceite. Deixe as novidades para quem quer ouvi-las, para quem quer mudar suas vidas a partir delas. O rock continua vivo, cheio de novidades, tesudo como sempre.
É nesse clima que estreamos o nosso podcast, ouvindo novidades, gente fazendo rock, cheio de referências, mas com frescor, com bandas novas, que tem no máximo dois discos lançados, mas que ainda soam como novidade assim mesmo. Algumas nem discos lançaram. Parte delas não vai durar, não vai dar em nada, mas já deixaram sua contribuição com pelo menos uma música legal. Ouça. Se você aumentar o volume, balançar a cabeça, bater os pés ou resolver montar uma banda já valeu a pena.
The Vaccines – If You Wanna
Young Buffalo – Catapilah
Telekinesis – Car Crash
Yuck – The Wall
Darwin Deez – Radar Detector
Tennis – Baltimore
Funeral Party – Where Did it Go Wrong
The Drums – Let’s Go Surfing
Foster the People – Pumped Up Kicks
The Morning Benders – Waiting for a War
Magic Kids – Hey Boy
Frankie & The Heartstrings – Hunger
Young The Giant – My Body
Smith Western – Weekend
The Terror Pigeon Dance Revolt! – Go Directly to Space
The Rural Alberta Advantage – Stamp
New Mexico – Abused and Amused
Titus Andronicus – No Future Part Three – Escape From No Future