Você ouve rádio? Provavelmente não. Muita gente já abandonou esse hábito e não é culpa só de tecnologias ou facilidades em conseguir música. Há anos uma boa parte do público não suporta ouvir as mesmas coisas, quase sempre aquelas 30/ 40 músicas escolhidas como os hits do momento. Pior que são escolhidas não pelo público – por mais que achem que é -, mas por executivos e empresários que definem as faixas de trabalhos de seus principais artistas. Muitas destes artistas são obrigados a voltar ao estúdio ou a procurar compositores para encontrar aquele modelo que os tais executivos definem como a fórmula para fazer sucesso. Depois disso o processo é simples: pagar às rádios e TVs para tocar o velho e detestável jabá. Que não é privilégio só brasileiro.
Nos Estados Unidos, quatro das principais redes de rádio (Clear Channel Communications Inc., CBS Radio, Citadel Broadcasting Corp. e Entercom Communications Corp), que englobam mais de 1,6 mil emissoras, concordaram em pagar uma vultosa multa de US$ 12,5 milhões para encerrar uma investigação sobre a prática do jabá por lá. A iniciativa objetiva inibir a prática de veiculação ilegal de música e tornar transparente o relacionamento das rádios com gravadoras e artistas. Além da multa, maior já paga na radiodifusão, o acordo também vai limitar os presentes recebidos pelas rádios em troca de veiculação de músicas, entre outras ações. No ano passado, a gravadoras Universal, Sony BMG, EMI e Warner já haviam pago uma multa de US$ 30 milhões também contra o jabá
Alem da multa, as quatro redes de rádio também se comprometeram a ceder de graça 8,4 mil blocos de meia hora para artistas locais e independentes dentro da programação normal. A iniciativa visa exterminar com a monocultura que impera nas rádios. Será que funciona? No Brasil dá para se perceber bem a relação de músicas mais tocadas em rádio com os discos mais vendidos. Basta ver as duas relações e comprar, os artistas que tocam muito nas rádios são justamente alguns dos que vendem mais discos, incluindo ai também os que tem apelo através da TV. Ou seja, a lógica das gravadoras é pagar jabá, tocar nas rádios e como conseqüência vender discos. Todo mundo sabe disso, menos o grande público. E o que temos de esperança? Nos Estados Unidos há uma lei anti-jabá desde 1950, no Brasil há uma lei tramitando no Congresso para proibir o jabá. Para alguns a Lei 1048/2003 do deputado federal Fernando Ferro não vai resolve ro problema, mas o fato é que com uma lei impondo e definindo regras fica mais fácil controlar e cobrar mudanças.