Lembro que quando meu pai comprou um vídeo-cassete (sei lá, uns 15 ou 20 anos atrás), um dos filmes que encontrava sempre na locadora e que eu era doido para assistir era uma ficção científica russa chamada Solaris (1972), de Andrei Tarkovski. Sempre gostei de sci-fi, desde quando fiquei chocado com 2001 – Uma Odisséia no Espaço assistindo tarde da noite na Globo. Mesmo não entendendo tanto, um pouco menos do que acho que entendo hoje, achava fantástico como Kubrick criava um clima parecido com o que deve ser no espaço. Solaris parecia ser algo parecido, só que era bem mais longo e feito na Rússia. Nunca quis encarar.Ontem, fui assistir a versão de Solaris feita por Steven Soderbergh, com George Clooney interpretando o personagem principal, o psiquiatra Kris Kelvin. Eu estava receoso. Primeiro o trailer dava a aparência que o longa seria explorando uma relação amorosa meio sobrenatural e no espaço. Fiquei logo com medo de um “Ghost” mais moderno. Depois quando vi que Soderbergh tinha condensado o filme para 70 e poucos minutos fiquei com os dois pés atrás.
Foi até bom. O filme é MUITO BOM. Não recomendo para quem não simpatiza com filmes lentos, sem muita ação. Solaris é ficção científica como pouco se faz hoje. De altíssimo nível, mais focado no homem, no psicológico, do que em fugas intergaláticas, tiros a raio laser, essas coisas. A história se passa numa nave invadida por algo que provoca alucinações na tripulação. Enviado para tentar salvar os tripulantes Kelvin acaba também sendo tomado por alucinações e passa a conviver com o “fantasma” da mulher. Com belos trabalhos de edição e fotografia (do próprio Soderbergh), o filme prima por se concentrar no que se passa na cabeça daquelas pessoas num ambiente isolado e sem muitas alternativas. Candidato sério a top 5 do ano.