Festival Afropunk em Salvador vai ter presença de público; Veja programação

Programado incialmente para novembro de 2020 e adiado devido a pandemia, o Afropunk fará sua primeira edição na América do Sul no dia 27 de novembro de 2021, em Salvador. O palco será montado no espaço Marés, no Centro de Convenções de Salvador, em formato híbrido, com presença de público e transmissão online pelo site oficial. A programação terá encontros com importantes nomes como Mano Brown, Ilê Aiyê, Luedji Luna, Margareth Menezes, Tássia Reis, Yoún, Batekoo, entre outros. Os ingressos já podem ser comprados na sympla e custam R$55. O valor dos ingressos será revertido para o projeto social Quabales.

PROGRAMAÇÃO:
Apresentação: Larissa Luz

Shows ao vivo:
Mano Brown & Duquesa
Tássia Reis & Ilê Aiyê
Luedji Luna & Yoún
Malia & Margareth Menezes
Jadsa & Giovani Cidreira
Urias & Vírus
Deekapz convida Melly e Cronista do Morro
Batekoo convida Deize Tigrona , Tícia e Afrobapho

A proposta do festival é celebrar a negritude com nomes consagrados da música nacional unidos a expoentes da nova geração. “Exaltar o encontro e toda a diversidade de ritmos, vivências e saberes, em uma experiência única para quem se permitir sentir o elo sensorial da Cultura Afro Contemporânea”, indica a direção musical de Ênio Nogueira.

“Estamos propondo uma linha que contemple a continuidade e coexistência dos tempos, legados e construções no Brasil a partir da exaltação da cultura brasileira e elevando o debate para o legado da comunidade negra”, sintetiza Monique Lemos, pesquisadora e curadora de conteúdo.

Vale lembrar que, neste ano, a participação presencial será feita de forma reduzida e limitada. A edição do AFROPUNK 2021 marca um momento de transição para que, em 2022, o evento chegue ao seu formato com 100% de conteúdos presenciais.

Considerado um dos maiores festivais de cultura negra do mundo, o festival reúne música, ativismo, moda e representatividade, e costuma receber grande nomes de hip-hop, eletrônico, jazz, soul e hardcore punk. Surgido em 2005, o evento se tornou um dos maiores de cultura negra do mundo, reunindo grandes nomes da música. Mas ele acaba atuando também como um transformador social, com muita arte, moda e comportamento.

Afropunk no Carnaval 2020

No Carnaval de 2020, em Salvador, o festival realizou sua primeira ação em terras baianas, colocando um trio elétrico com atrações especiais em dois dias da festa. Um dia com a banda Afrocidade recebendo Mano Brown, Russo Passapusso e Roberto Barreto (BaianaSystem), Cronista do Morro e Afro Jhow (Muzenza), numa noite histórica (lembre aqui como foi). No outro, o BaianaSystem recebeu BNegão, Vandal e Iracema Killiane (Ilê Aiyê).

Em 2020, o festival  realizou uma edição planetária incluindo diversos artistas baianos, com shows de Larissa Luz com Carlinhos Brown, Afrocidade com Majur e Mahal Pita, ÀTTØØXXÁ com Hiran, Duo B.A.V.I., Trapfunk & Alívio, Nêssa, Virus, Yan Cloud e Afrobapho. Uma boa dica do perfil que deve estar presente na edição de novembro.

Para quem deseja participar, o festival abriu inscrição para artistas em três modalidades: Novos Talentos Musicais, Conteúdos criativos audiovisuais e Conteúdos criativos estáticos (ilustração, pintura, fotografia, imagem com texto/poesia). Veja mais informações nas próprias redes do festival.

Relação com Salvador

O namoro do Afropunk com Salvador começou quando o co-fundador e produtor do festival, Matthew Morgan, esteve no Carnaval baiano. Aqui conheceu melhor a festa Batekoo, depois de acompanhar o trio do coletivo. “Ele ficou impressionado com as mobilizações e a quantidade de público que os eventos atraiam”, contou Adrielle Coutinho para o jornal *Correioem matéria de . Ela é responsável pela elaboração do planejamento e desenvolvimento estratégico da Batekoo, O resultado é que a festa vai estar no festival, no próximo mês de agosto, em sua edição principal no Brooklyn, Nova Iorque. Os DJs e MCs do coletivo estarão ao lado de Leon Bridges, Santigold Kamasi Washington, Death Grips e FKA Twigs. O outro fruto desse namoro é a vinda do festival para a capital baiana.

Em sua programação, o Afropunk costuma receber artistas de hip-hop, eletrônico, jazz, soul e hardcore punk. O mais interessante é que abre as portas tanto para estrelas internacionais quanto para novos nomes. Não há muitas informações até o momento. Muito menos há algum nome anunciado. É esperado, no entanto, que a Batekoo seja uma das atrações do festival na capital baiana. Outros artistas locais, como Larissa Luz, Baco Exu do Blues, Hiran e Majur também dialogam com a proposta do evento.

Ativismo

Além da parte artística, especialmente música e moda, o festival mantém um forte compromisso com ativismo e representatividade. Motivo que um grande encontro do público negro de vários cantos do mundo. Um exemplo do ativismo são as mensagens e frases espalhadas pelo ambiente do festival. Elas costumam trazer dizeres contra o racismo, homofobia, sexismo, gordofobia e transfobia. Há também a transmissão de frases de líderes negros, como James Baldwin e Malcom X. É um grande evento em favor do respeito mútuo e contra o ódio de todas as formas.

Toda essa história começou ainda em 2003. Naquele ano, um documentário de mesmo nome foi produzido por Matthew Morgan e dirigido por James Spooner. “Afropunk” era um filme sobre os jovens negros da cena punk-indie rock-hardcore e trazia entrevistas com integrantes de várias bandas. Em destaque nomes como Death, Fishbone, Bad Brains, Suicidal Tendencies, Dead Kennedys, Bloc Party, TV on the Radio, entre outros. O doc foi recebido com entusiasmo e logo se criou uma comunidade de fãs em fóruns pela internet, que trocavam informações e experiências.

História e nomes de peso

Em 2005, rolou a primeira edição anual do Afropunk Festival, no Brooklyn Academy of Music (BAM), em Nova Iorque, celebrando a união dessa comunidade e sua cultura. Depois disso, o Afropunk cresceu e se tornou um festival internacional, deixando um pouco de lado sua vertente mais punk e ganhando caminhos mais abertos. A programação passou a reunir grandes nomes da música pop, e, de centenas de fãs, passou a receber milhares de pessoas. No Brooklin, a estimativa de público costuma ser de 60 mil pessoas.

Já passaram pelos palcos do festival nomes de um universo mais pop e conhecido, como Lauryn Hill, Janelle Monáe, Solange, Lenny Kravitz e Grace Jones. Mas também, artistas mais ligados à cultura negra e gêneros coo rap, soul, jazz. Temos ai D’Angelo, Soul II Soul, Kelis, Ice Cube, Sharon Jones, Chuck D, Anderson.Paak, Thundercat ,e Gary Clark Jr.. Da mesma forma, a origem mais punk do festival foi contemplada por artistas como Suicidal Tendencies, Bad Brains, Death Grips, Body Count, entre outros.

O Afropunk cresceu tanto que se transformou num evento internacional. O resultado é que ele hoje acontece em diversos países, além da consolidada edição americana. Em 2017, por exemplo, o festival aconteceu em cinco cidades: Nova Iorque/Brooklyn, Paris, Londres, Atlanta e Joanesburgo, na África do Sul. Em 2019, o evento acontece em Paris, Nova Iorque, Atlanta e Joanesburgo. Em 2020, o hemisfério sul terá uma segunda cidade recebendo o festival. Será a vez de Salvador. Sejam bem vindos.

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