Após 10 anos parada, a banda Los Canos volta às atividades e anuncia novo disco e shows.
Em meados dos anos 2000, o rock baiano vivia uma de suas várias fases de efervescência. Dentre as tantas bandas daquele período, a Los Canos chamava atenção por canções grudentas marcadas pelo bom humor, deboche, despretensão e um romantismo bem particular. A banda durou menos tempo do que deveria (2002-2008), mas anunciou que volta dez anos depois com novidades e, o melhor, com sua formação original. O grupo já possui músicas novas, que devem entrar num novo disco, além de preparar a volta aos palcos para julho.
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“Na verdade, a gente sempre foi banda de amigo. Como continuamos convivendo, sempre cogitávamos fazer um show. Aí quando pensamos mais seriamente, Michael achou que devíamos gravar umas músicas. Aí eu me empolguei peguei umas duas velhas que a gente não gravou e fiz um monte de novas”, explica Eduardo Penna, vulgo Dudu, vocalista, guitarrista e principal compositor do grupo. Além dele, o grupo retoma a formação com Mary (backing vocal), Michael (guitarra), Gil (baixo) e Cisso (bateria). O novo trabalho deve ser gravado em breve e até o momento possui sete músicas prontas.
Uma bandinha de rock – A banda tem dois excelentes registros, o primeiro é o histórico EP Meu hobby é te amar (2003) com a capa estampado um coração vermelho, e recheado das músicas mais marcantes da banda. Meio punk, meio bumblegum, meio tosco, cheio de humor, ironia e um tipo de romantismo único, as faixas falavam das aulas chatas no curso de Publicidade, de ser roqueiro famoso, dos amores reais e improváveis, e de temas pós adolescentes que marcavam na época. Lançado pela Frangote Records, o trabalho trazia os (potenciais) hits “Mercadologia”, “Ela Não Gosta de Mim”, “Nada Sem Você” e “Uma Bandinha de Rock”. Estão lá ainda “Não dá pra mim Não”, “Camisas Listradas te Fascinam”, além das faixas bônus (do EP Sonhos de guitarrista) a profética “Ser revoltado no mirc é muito fácil”, antecipando os revoltadinhos de redes sociais, além de “Tudo que não serve pra nada serve para alguma coisa”, a irônica pseudo-baladona progressiva de arena que atirava para todos os lados: hippies, metaleiros e fãs de Cordel do Fogo Encantado.
A banda, umas das mais interessantes da geração 2000 do rock baiano, lançou ainda um disco cheio em 2007, Cada Dia Mais Limpo e Romântico, pelo selo capixaba Läjä Records. O trabalho reunia as seis faixas do Ep, agora mais bem gravadas, além de várias outras na pegada roqueiro adolescente romântico e (às vezes) desiludido, do jeito próprio que eles faziam, como “Garota Nota 7”, “Patrícia”, “Tudo por Você” e “Coração Bola Oito”. Tinha ainda a irônica e certeira “Eu Sou Mal”. A banda chegou a sair de Salvador, viajando para para participar de eventos em várias partes do país, como festivais no Rio, São Paulo, Espírito Santo, Goiás, Rio Grande do Norte e Paraíba.
Entre os dez anos do fim da banda e esse retorno, seus integrantes se espalharam pelo país. Penna foi morar em Brasília, Gil em São Paulo. Nesse período, Penna teve outros projetos musicais, como a banda Uine, que manteve com outros músicos do rock baiano, participou de projetos de amigos, como Cissa Guimarães e Cobra City e acabou criando um novo grupo na capital federal chamado Sexta Tem Pilates. Gil mantém o projeto Cobra City, é guitarrista da Orquestra Elegante e baterista do Coletivo Artístico Cissa Guimarães. Mary, Michael e Cisso tocaram projetos de forma menos regulares.