Trabalhada nas novidades, a banda Maglore escolheu a cidade de Salvador para show de estreia da turnê de lançamento do álbum “Todas As Bandeiras” (2017).
Por Leandro Pessoa*
Fotos: Duane Carvalho
O primeiro show com o repertório do novo disco aconteceu ontem (28) no Teatro Castro Alves – palco que é considerado um templo da cultura brasileira. “É a realização de um sonho. Desde pequeno a ala baiana da banda frequenta este Teatro. Acho que era um dos únicos espaços da cidade em que ainda não tínhamos tocado. Estamos muito felizes de lançar este show na cidade que nos criou, diante das pessoas que mudaram nossas vidas”, declarou o vocalista Teago Oliveira. Além do novo disco, o show celebrava também os oito anos de atividade da Maglore – descoberta que só foi possível graças a uma mensagem automática enviada pelo portal Myspace em agradecimento a longevidade do cadastro do conjunto.
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Ao toque do terceiro sinal, a banda subiu ao palco como quinteto e fez soar os acordes iniciais de “Me Deixa Legal” (leia mais sobre a canção). Mesmo com apenas um mês de lançada, a canção encontrou resposta do público: aqui e ali espectadores sentados ousavam movimentos de dança. O grupo seguiu com “Clonazepam 2mg” e “Todas As Bandeiras” – uma boa síntese das mudanças sonoras e das reflexões contemporâneas trazidas pelo novo trabalho. Caminhando juntos no palco, Teago Oliveira (vocal e guitarra), Lelo Brandão (guitarras, teclado e vozes) Felipe Dieder (bateria), Leonardo Marques (guitarra e percussão) e Lucas Oliveira (baixo e vozes) pareciam encarnar ao vivo a força de diálogo da obra.
Com o público devidamente aquecido, a Maglore partiu para um segundo momento do show em que mesclou canções novas com sucessos do disco III (2015) e do Vamos pra Rua (2014). “Se Você Fosse Minha”, “Ai, Ai”, “Café com Pão” e “Motor” foram acompanhadas em coro pelo público. Dentre as novas, destaque para “Jogue Tudo Fora” que ao vivo ganhou muito em sua fina ironia – reforço obtido pela interpretação de Teago e pela iluminação precisa de Catarina Ferraz. O reencontro com o público baiano ganhou contornos afetivos em “Avenida Sete” (leia mais sobre a canção), canção do baiano Marceleza de Castilho que faz referência ao trajeto histórico do centro de Salvador localizado a poucos metros de onde o show acontecia. Executada em nova formação, a composição ganhou um novo arranjo final marcado pelo encontro melódico das guitarras de Lelo e Leonardo.
Em sintonia com a dinâmica do disco, o roteiro do show “Todas As Bandeiras” chegou ao final pontuado por canções em clima de cura e resiliência. Destaque para “Calma”, canção do baixista Lucas Oliveira que em seu encontro preciso entre letra e melodia convidou o público pra cantar junto. Em “Valeu, Valeu” a banda aproveitou para ensaiar uma despedida: uma pausa repentina na levada baticum de Felie Dieder e o vocalista assume o papel de crooner para anunciar o fim do espetáculo. De repente a música volta com o riff frenético da guitarra de Lelo e uma citação incidental de “In Between Days” da banda inglesa The Cure.
A banda deixa o palco, mas rapidamente volta ganhando tempo para o bis: “Dança Diferente” e “Aquela Força”, já aproximadas musicalmente pela semelhança do riff de introdução, desenvolvem também na relação temática quando executadas em sequência. Em meio aos pedidos do público, a Maglore escolhe fechar a noite com “Mantra”. As luzes da plateia são acesas e na oportunidade de ficar cara a cara com os espectadores, a banda, visivelmente emocionada, só consegue agradecer. Assim a canção se estende e é acompanhada sem pressa pelo coro do público que, em plena quinta-feira, compareceu ao Teatro para celebrar e também agradecer mais uma realização da Maglore. O show “Todas As Bandeiras” segue em turnê de lançamento por Vitória da Conquista (30/09), São José dos Campos (14/10), Sorocaba (15/10), Belo Horizonte (21/10) e Juiz de Fora (22/10).
* Leandro Pessoa é jornalista e vocalista da banda Callangazoo