Banda curitibana Nevilton prepara primeiro disco e se consolida como uma das boas apostas para rock brasileiro.
Fazer o bom, velho e simples rock, sem grandes invenções ou misturas, mas com uma forte pegada pop, qualidade, apelo e vontade de alcançar o grande público. Não é todo dia que surgem bandas com esse potencial e com tanta propriedade para sair do limbo e alcançar os mais diversos ouvidos. De vez em quando, porém, aparecem grupos como o Nevilton, que faz exatamente isso, rock dos bons, com canções inspiradas e imenso potencial radiofônico.
A banda, que acaba de lançar o EP “Pressuposto” e prepara o primeiro disco ainda pra este semestre, é daquelas que faz música com capricho, mas claramente tentando ir além do que o gueto do cenário independente normalmente se restringe. Atualmente em turnê por diversos estados do Brasil, incluindo apresentações pelo Nordeste e, em breve, no festival Abril Pro Rock, a Nevilton é daquelas que não tem medo de soar pop. “Não temos esse medo. O importante é continuar soando como quisermos”, afirma Nevilton de Alencar, líder, compositor, vocalista e guitarrista da banda.
Não é a toa que o rapaz, de apenas 23 anos, dá nome ao grupo. Hoje, a banda, formada também por Tiago ‘Lobão’ Inforzato na guitarra e Eder Chapolla na bateria, tem nele o espírito jovem, que leva ao palco em performances explosivas, e a marca de talento, que descarrega em canções inspiradas que falam de amores e coisas banais.
“Tento, com minhas músicas, sensibilizar as pessoas, tocar o coração, deixar o ambiente feliz na medida possível. Afinal… já tem muita gente que fala das dificuldades ou só do “oba oba”. Eu falo da vida, coisas boas, ruins, grandes e pequenas… tentando ver ou mostrar algo legal nelas”, diz o sempre radiante Nevilton.
Inspirações e influências – A banda, um power trio de paranaense, foi formada em 2007 em Umuarama, cidadezinha com pouco menos de 100 mil habitantes no noroeste do Paraná, conhecida como Capital da Amizade. A partir de lá, já circularam bastante levando sua música para diversos lugares do país. Chamaram atenção por onde passaram e se tornaram, merecidamente, uma das principais apostas do pop nacional.
A sonoridade é calcada no rock, com o imortal trio guitarra-baixo-bateria fazendo a base para composições simples e diretas. Canções pop, sabe? Sem mistério,com ênfase nas melodias, divertidas, dançantes e com letras para serem cantadas junto. “Fazemos rock, é basicamente rock brasileiro, que a gente canta em nossa língua pras pessoas entenderem e entrarem em nossa energia, nossa vibração. Faço musica de um jeito que acredito mostrar minha cara, algo que você ouça e fala ‘que som mais Nevilton!’”.
Não é fácil encontrar um compositor de tão boa capacidade em criar canções redondas, assimiláveis, interessantes e lindamente pop. Nem é toda hora que se vê um cantor com tanta competência para subir num palco e se apresentar. Que não foge da responsabilidade, ao contrário, chama para si e se propõe a divertir quem está ali na frente do palco para vê-los. Que não esconde os vocais e as letras atrás do instrumental para ninguém compreender.
As assumidas influências mostram de onde Nevilton tira suas inspirações musicais. Ele mesmo cita alguns dos principais compositores da música brasileira, como Erasmo Carlos, Jorge Ben, Belchior e Zé Rodrix. Lista também muito rock gringo dos bons, de clássicos como The Who, Led Zeppelin, Velvet Underground e David Bowie, a nomes mais novos, como Pixies, Blur, Nirvana, Pavement e Cake.
“Temos influências de música brasileira e muito rock de fora também, muita melodia, arranjos malucos, tudo isso nos diverte muito. A gente gosta muito desse pessoal da música brasileira que tem um som bonito e refinado, mas a gente não tem um som bonito e refinado, a gente faz um som mais sujinho, dançante e divertido”, se diverte.
A banda tem todos os atributos necessários para se tornar grande. Grande mesmo. Daquelas que tocam em qualquer rádio, aparecem na TV e se apresentam no Festival de Verão. Daquelas que o público acompanha cantando as músicas nos shows e fazem até sua mãe ou seu pai cantarolar enquanto fazem alguma tarefa doméstica. O melhor é que fazem música se importando com a qualidade, algo que falta na música pop que as gravadoras têm oferecido.
O futuro ninguém sabe. No mercado atual não adianta esperar uma gravadora cair do céu. O que resta então é ralar e se jogar na estrada. “Queremos trabalhar bastante, tocar muito, produzir de montão, conhecer lugares, pessoas e fazer amigos… e conseguir fazer isso a ponto de sustentar uma vida digna a nós e nossas famílias… algo por ai”, diz Nevilton.