Força Bruta – Jorge Ben
Nunca mais comentei de um disco aqui. Vou voltar a fala de um mais antigo e não muito lembrado. Que Jorge Ben é um dos melhores caras que já apareceram na música, pouca gente deve ter dúvida. Quem tem que trate de rever seus conceitos. Nem é questão de gosto, o cara é bom para caralho. Tem todas as qualidades, criativo, original, ousado e por aí vai. Tem um estilo e jeito de tocar inventado únicos, que talvez desagrade quem não o conhece direito.
Entre 1969 e 1975 , Ben viveu sua melhor fase, havia passado pela Bossa-Nova, Jovem Guarda e Tropicalismo deixando sua marca em cada um deles e sem se adaptar a nenhum, ia além. As fronteiras de cada um dos movimentos/ gêneros não comportavam a criatividade dele. Melhor assim, com o samba e a música negra na cabeça e na ponta dos dedos desafiava preceitos ideológicos e imposições estéticas.
“Força Bruta” é um disco pouco citado, mas um de seus melhores trabalhos. Acompanhado do Trio Mocotó, Ben desfila uma série de sambas acústicos, singelos e com a elegância e doçura que marcam boa parte de seu trabalho. Samba de violão, cadenciado, ond sopros, percussão e guitarras se cruzam.
Talvez a cuíca mais bem utilizada na história da música é a de “Oba lá vem ela”. O instrumento guia toda música numa cadência singular, bem Jorge em seus melhores momentos. A letra é uma das mais belas declarações, totalmente platônica para uma muher que talvez nem saiba quem é ele.
“não me importo que ela não me olhe/ não diga nada e não saiba que eu existo, quem eu sou/ pois eu sei muito bem quem ela é/ e fico contente só de ver ela passar”
Em “Zé Canjica” ele canta:
“silencio. vai embora. me deixa. perdão.”
Com a elegância e simplicidade de um daqueles mestres incontestávei. É uma das mais belas músicas desconhecidas de Ben.
Em seguida, ele se larga em sambas emocionados, hinos de amor, como diz, para sambar juntinho, falando de mulheres, suas mil mulheres: Domenica (naqueles músicas de títulos enormes típicas dele: “Domenica Domingava num domingo linda”, Aparecida (“Apareceu Aparecida”), Terezinha, onde faz brincadeiras com a voz, a bela “O Telefone” e culminando com uma exaltação geral, um endeusamento a todas as mulheres brasileiras “Mulher Brasileira”.
Tem ainda a sofrida Charles Jr., a alegrinha “Pulo Pulo” que remete a trabalhos de fases anteriores da carreira do Babulina, além da música título “Força bruta”.

Para quem gosta de música sem preconceitos.

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